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quinta-feira, agosto 24, 2006

Necessidade de Mudança da Organização Universitária - Parte II

Verifica-se que a sociedade aumentou o seu grau de expectativas em relação ao papel e funções da Universidade, ao mesmo tempo que é mais exigente em relação à correcta afectação dos recursos que são disponibilizados às organizações universitárias.

A análise da envolvente da Universidade revela a ocorrência, nos últimos 50 anos, de uma mudança profunda, associada a um maior grau de incerteza e a uma mais rápida transformação tecnológica [Santos, 1997].

Não só o ritmo de mudança é mais rápido, como o conhecimento e o imaterial ganharam um papel central nas sociedades modernas. Neste contexto, as Universidades devem realizar uma transformação organizacional de modo a adaptarem-se às novas condições da envolvente.

De acordo com Santos [Santos, 1997], alguns dos princípios e características básicas mais importantes da organização universitária são:

- A actividade fundamental da Universidade ser desenvolvida em torno do Conhecimento;

- As áreas de conhecimento serem a base da organização das Universidades, dando origem a uma estrutura fortemente fragmentada. Essa fragmentação é baseada na compartimentação das actividades em disciplinas e na especialização dos conhecimentos e metodologias de investigação;

- O processo de tomada de decisão ser muito difuso e descentralizado, característica comum em organizações com uma estrutura fragmentada e que desenvolvem actividades intensivas em conhecimento. Assim, a organização universitária é composta por unidades semi-autónomas que muitas vezes procuram alcançar os seus próprios objectivos, em detrimento dos objectivos da organização como um todo;

- No interior de cada área científica as Universidades serem inovadoras e adaptáveis, embora a maior parte das inovações sejam de carácter incremental. No entanto, a nível estrutural a Universidade é muito resistente à mudança.

Assim, a Universidade deverá assumir uma organização de tipo mais orgânico do que burocrático, ou seja, deve tornar-se menos formalizada e mais flexível, com uma maior capacidade de adaptação às evoluções. No entanto, dada a menor eficácia da compartimentação das áreas científicas como forma de divisão das actividades, é necessário encontrar mecanismos de integração e coordenação que sejam eficazes.

A hipótese de estudo de Santos [Santos, 1997; Conceição et al, 1998] quanto à necessidade de definir um modelo de organização e gestão para as universidades, que foi fundamentada pela análise da evolução do subsistema ambiental da Universidade, é a seguinte:

Hipótese: Embora tradicionalmente a envolvente específica das Universidades possa ser considerada estável e complexa, nos últimos 40 anos tem existido um movimento no sentido de uma maior instabilidade e ainda maior complexidade. Este movimento tornou-se mais acentuado nas últimas duas décadas e poderá ter importantes implicações para a organização e gestão das Universidades.

A fundamentação desta hipótese levou à definição do princípio central da organização e gestão das Universidades.

Em suma, a organização universitária deverá evoluir da estrutura clássica de burocracia profissional, para uma organização mais flexível, mais inovadora, e consequentemente mais adaptada à envolvente actual das Universidades.

(continua)
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