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sábado, fevereiro 28, 2009

UPDATE: José Socrates, the Man ?



Confesso que no dia 6/1/2009 adiei um compromisso para assistir à entrevista do nosso primeiro-ministro. E ontem fiz o mesmo para ouvir o discurso do José Socrates no Congresso do PS.

E penso que para se fazer uma análise séria se deve considerar 2 perspectivas: 1) o político; 2) as políticas.

Em relação ao 1) ponto, José Socrates poder-se-á caracterizar como um político moderno, um gestor da causa pública. Determinado, com uma visão (a meu ver errada, mas com visão), organizado, planificador, rigoroso, orientado para os resultados e com uma noção perfeita do bom uso de uma estratégia de comunicação. Muito sinceramente acho que "he is the Man!". Tem o perfil adequado para a posição que ocupa. Poderá trabalhar a sua Marca e capitalizar o seu valor, qui ça confundir-se com o seu partido. Uma Marca com potencial!

Em relação às políticas, sem ser grande especialista e sem dominar dossiers, considero que está mal aconselhado. Em vez de estar a endividar o nosso país de forma monstruosa, hipotecando o nosso futuro, deveria incentivar um verdadeiro "choque fiscal", baixando os impostos e promovendo a iniciativa privada.

Como Português espero sinceramente que tenha sucesso! E espero também que surjam outras iniciativas (partidárias ou não) com apresentação de propostas de valor. Com soluções. O nosso PM pediu e mandou esta questão à cara dos partidos e com razão.

A oposição está no mau caminho. Os portugueses querem uma oposição construtiva. Estão fartos de demagogia e de jogos de poder.

Que alternativas temos ? Que outras visões credíveis temos ? Espero sinceramente encontrar respostas no decurso de 2009.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Recordar: Comunicar com emoção




Pela sua abrangência e potencial de atingir alvos, as acções de comunicação constantes nos planos de marketing das empresas tendem a incluir a publicidade em lugar proeminente. Publicidade que é veiculada em meios ditos tradicionais como imprensa, rádio, televisão e painéis exteriores. Aliás, é pouco comum assistir-se ao lançamento de um produto sem uma dose considerável de investimento publicitário. Em paralelo, têm sido desenvolvidas várias teorias como suporte à decisão de investimento em publicidade, principalmente focalizadas no processo cognitivo (por exemplo o Modelo AIDA), na escolha dos meios e na medição do impacto do investimento (cobertura, frequência, “gross rating point”, custo por mil, recordação espontânea e assistida, reconhecimento, etc). Contudo, um conjunto de factores está a fazer com que o predomínio da publicidade esteja em erosão, impulsionando os anunciantes a desviarem parte crescente dos seus orçamentos para formas não tradicionais de comunicação. Um desses factores é a fragmentação de audiências, com a emergência dos canais temáticos na televisão (cabo, digital), de rádio (feixes hertzianos, Internet, digital audio broadcast), imprensa (várias revistas especializadas) e com a emergência da Internet de alta velocidade. Ou seja, está cada vez mais difícil atingir as audiências. Temos também o fenómeno do “zapping” e o aumento do custo da publicidade. Por último, o esbater da fronteira entre a publicidade e o entretenimento, removendo o domínio do conteúdo e da mensagem tradicionalmente veiculada em anúncios.

Assim, as várias forças em acção parecem estar a retirar o domínio da mensagem das mãos dos anunciantes e a colocá-lo cada vez mais na mão dos consumidores. Para tentarem recuperar, ao menos parcialmente o seu domínio, os anunciantes estão a dedicar uma atenção crescente às formas não tradicionais de comunicação.

Neste âmbito, destaco três grandes formas de comunicação não tradicional:
1) Promoções cruzadas (domínio através da cooperação). A colocação de produtos, em um filme ou telenovela, que é apoiada por publicidade conjunta dos produtores e distribuidores do filme com os produtores cujos produtos são expostos no enredo. Outros exemplos incluem sacos de compras (em Portugal o famoso saco de plástico do Expresso, com faces ocupadas pela Microsoft e pela HP) ou cupões (a compra de um produto dá um direito a um cupão para uso na compra de um outro).

2) Patrocínios (domínio através da associação). Procura-se a associação de uma marca com um determinado acontecimento (O BES e o Open do Estoril ou o MillenniumBCP e o Rock in Rio Lisboa), equipa desportiva (PT e as equipas de futebol profissional do Benfica, Sporting e Porto), personalidade (Fernanda Serrano e o BPI), local (a EDP que dá o nome a uma das portas do Estádio Alvalade XXI, a Sagres que dá o nome a uma bancada do Estádio do Benfica ou produto (José Mourinho e o cartão American Express ou a rolha de cortiça portuguesa).

3) Colocação de produtos e serviços (domínio através da ocupação espacial). A ideia é a de oferecer aos anunciantes um ambiente envolvente em que o público está cativo. Seja através de anúncios colocados nos filmes exibidos em viagens de avião de longo curso, nas zonas de espera das consultas hospitalares ou das agências bancárias, nos tabuleiros das cantinas universitárias, nos pacotes de pipocas dos cinemas UCI, as oportunidades e os exemplos abundam.

Na verdade, como os conteúdos da comunicação não tradicional não são vistos como “operações” de marketing comercial, podem ser mesmo considerados mais credíveis que a publicidade convencional. Estamos numa era exigente e as empresas anunciantes deverão procurar o equilíbrio certo das políticas de marketing a definir. A comunicação não tradicional deverá certamente fazer parte desse «mix».

* Artigo publicado hoje (14/3/2007) no Diário Económico.
www.marketinginovador.blogspot.com

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Recordar "O Marketing e a Fé"





No fim-de-semana passado fui convidado para um dia de recolecção em Fátima, onde participei com fé e entusiasmo. Tive a oportunidade de intervir em duas conferências sobre a “Vida”. E num período tão importante para Portugal, com um referendo que pode Posicionar Portugal pela positiva, ou seja, como o País da Europa sem despenalização total do aborto, parece-me oportuno abordar a temática do Marketing Religioso. Esta ideia surgiu-me ao ouvir a frase de Mel Gibson “uma Pessoa não pode decidir por si mesma quem vem a este mundo e quem não vem. Esta decisão não nos pertence”. Assim, o Marketing Religioso surge como uma consequência do mundo moderno. As organizações religiosas concorrem umas com as outras e as Pessoas constroem uma imagem sobre elas, comparando-as e decidindo por aquelas organizações que melhor preenchem as suas necessidades. Neste sentido, também as organizações religiosas podem e devem usar ferramentas de marketing de modo a adequar as suas “ofertas” ao “público” pretendido.

Recordo, uma campanha feita o ano passado pelas Irmãs da Caridade Dominicana de uma congregação de Barcelona que, confrontadas com uma queda significativa do número de vocações, apostaram nas novas tecnologias (site, blog e msn) e lançaram na Internet, com algum humor e, eu diria, ousadia, uma campanha para aliciar novas devotas. Logo na página de introdução do site, que se mantém, as Irmãs da Caridade Dominicana da Apresentação da Santíssima Virgem questionam quem as visita: “Atreves-te a entrar?”. Depois sucederam-se as perguntas directas e pouco vulgares numa página religiosa: “És fogosa? Apaixonadiça? Vistosa? Animada? Conheces bem o mundo e a vida? Talvez sejas a freira perfeita”, lia-se na página da congregação, “Se assim é - dizia-se a seguir -, podes ajudar os homens e as mulheres deste mundo. E não serás a primeira: Santa Maria Madalena, sem ir mais longe, também foi uma fogosa como tu.” Vejamos como o Marketing Religioso pressupõe a troca voluntária de valor entre duas partes e com valor para ambas as partes. Mas será que o Marketing e a fé são compatíveis?

Efectivamente, cada vez mais, as organizações religiosas são confrontadas com vários desafios de marketing. Desde logo, por exemplo, a diminuição dos fiéis ou a actual questão do aborto. O Marketing poderá auxiliar estas organizações, através do estudo e análise dos “fiéis” ou públicos, a desenvolver “ofertas religiosas” adaptadas às necessidades espirituais, possibilitando assim uma maior satisfação.

No entanto, a especificidade deste tipo de organizações requer normalmente um cuidado acrescido, nomeadamente pelas questões éticas que podem ser levantadas. A aplicação do marketing deverá traduzir-se na convicção da importância do “Serviço” às Pessoas, não tanto nos produtos ou ideias, mas principalmente na atenção ao bem-estar dos “fiéis”. João Paulo II dizia que “não pode haver paz verdadeira sem respeito pela Vida, especialmente se é inocente e indefesa como a da criança não nascida”. Palavras destas são um exemplo do sentimento de missão necessário. Por conseguinte, as organizações religiosas deverão trabalhar por estarem próximas dos seus “fiéis”, por conhecerem a realidade dos seus problemas e assim desenvolverem programas sólidos e acções de marketing ajustadas a um mundo novo, com diferentes dificuldades, mas com grandes oportunidades de melhoria. Haja marketing!...

Artigo publicado na edição de 25-01-2007 do Jornal de Negócios

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

“Sachet Marketing”: pensar pequeno é grande!


Sabia que cerca de dois terços da população mundial aufere anualmente menos de 1.100€? Sabia que é possível elevar o patamar do poder de compra dos povos de países emergentes como a China, Índia, Filipinas, México e Brasil? Um estudo realizado por C.K. Prahalad da Michigan Business School e Allen Hammond do World Resources Institute, concluiu que os 18 países emergentes mais populosos acolhem 680 milhões de famílias com rendimentos anuais inferiores a 6.000€. Estas famílias representam conjuntamente uma massa crítica da dimensão do PNB da Alemanha - ganham por ano cerca de 1.4 milhares de milhões de euros. Efectivamente, o poder de compra existe nestes mercados, mas em parcelas diferentes do que nos EUA, Europa ou Japão, onde as populações auferem 20 a 30 vezes mais.

A pensar neste mercado, e apesar de na maioria dos casos os seus produtos e serviços serem inacessíveis financeiramente, algumas empresas têm dedicado os seus esforços de marketing nas micro-vendas. Na prática, estas vendas permitem a consumidores menos favorecidos, supostamente habitantes de países em via de desenvolvimento, adquirirem produtos apenas acessíveis a consumidores de países mais desenvolvidos e ricos. Entramos na era do “Sachet Marketing”. A essência desta nova tendência do marketing reside em ajudar as empresas a colocarem os seus produtos no mercado pensando pequeno, mas em quantidades grandes, sem perder o enfoque na marca. A gigante “Unilever” apresenta soluções ilustrativas na sua gama de detergentes, sabão e champô, para o Brasil, Índia, Filipinas e Tanzânia, onde por exemplo o sabonete é vendido em unidades reduzidas e a preços que rondam alguns cêntimos de Euro. A operadora “Telco” incentiva os Filipinos com um regime de “pré-pagos” que também permite ao cliente vender os créditos não utilizados a terceiros. O “Smart Buddy System” pode render aos seus utilizadores margens de 15%.

Assim sendo, o “Sachet Marketing” dirige-se principalmente a clientes com vontade de consumir, mas com dificuldades financeiras. Para o efeito, as empresas que o utilizam recorrem a micro-empréstimos, a porções reduzidas do produto ou serviço, leasing e opções de revenda de parte ou da totalidade do bem. Por exemplo, a “Whirlpool” penetrou nestes mercados através de uma gama de electrodomésticos estilizados e de baixo preço. Já a Microsoft, por apenas 33€, lançou o “XPLite”, com atributos inferiores ao “XP normal”, ao nível da resolução gráfica, opções de network e capacidade de multi-tarefas. Por outro lado, o “Citibank” na Índia foi o primeiro banco a ter a iniciativa de abrir contas “online-only”. Apenas por acesso via Internet, pequenos aforradores, com menos de 20€ podem subscrever estas contas especiais que funcionam exclusivamente via ATM, Internet e telefone. No primeiro ano abriram-se mais de um milhão de contas.

Todavia, é interessante que o “Sachet Marketing” está a ter igual sucesso nos países mais ricos. A Procter & Gamble e a Kraft Foods têm vendido nos E.U.A. os seus produtos em pequenas porções, como forma de combate à obesidade e de controlo de peso. A meu ver, novas oportunidades se abrem também em mercados como Portugal. Se, por exemplo, viaja muito já pensou nas vantagens destes produtos? Podendo levar o que precisa, a um menor preço, e ocupando menos espaço.

Em suma, esta “nova fórmula” permite servir um produto ou serviço em porções mais económicas, o que nos tempos que correm é útil a todos nós. Fica a dica para as empresas e consumidores portugueses…

Artigo publicado no Jornal Expresso (24-3-2007)

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Recordar: O “Santo Graal” do Marketing ?

No início deste ano, uma reportagem da CNN apresentou um caso curioso. A “Netflix”, uma empresa norte-americana de aluguer de DVDs, foi vítima de «WOM» («Word of Mouth»), ou seja, do chamado “passa palavra” ou “boca a boca”. Esta empresa, que considera os seus clientes mais frequentes os mais valiosos, dá-lhes preferência no aluguer dos filmes mais desejados. Por outro lado, os clientes menos frequentes, apesar de terem a opção de pagar uma mensalidade menor, têm que ficar em lista de espera. Mas, afinal o que aconteceu ? Bom, clientes pouco frequentes do serviço de aluguer da Netflix apresentaram várias críticas sobre o serviço através do blog da CNN.

Deste exemplo podemos tirar algumas conclusões. Em primeiro lugar, estes clientes, pela definição utilizada pela empresa não são clientes de maior valor, mas claramente, e porque utilizam o blog da CNN, são clientes “muito valiosos”. Uma segunda conclusão, é que clientes que gastam tempo para falar mal dos produtos e serviços de uma empresa destroem o valor da empresa. Logo, clientes que recomendam os produtos e serviços de uma empresa devem ser considerados de “maior valor”.

Então a «WOM» pode indicar se o valor de uma empresa está a ser incrementado ou destruído. Para a «WOMMA» («Word of Mouth Marketing Association») uma «WOM» é o poder que a mensagem de um cliente pode gerar. Neste contexto, faz sentido falarmos em «WOM Marketing», também conhecido como «Buzz Marketing» e «Undercover Marketing», ou simplesmente “Marketing passa palavra” ou “Marketing boca a boca”.

De uma forma simples, o «WOM Marketing» consiste em reunir pessoas voluntárias e proporcionar-lhes a experiência de utilizarem e testarem um determinado produto ou serviço. A ideia é que estas pessoas transmitam a experiência que tiveram às pessoas com quem se relacionam diariamente. É certo que qualquer um de nós já utilizou o “passa palavra” para comprar um livro, para saber a opinião sobre um filme ou até mesmo de um restaurante. A verdade, é que o poder do “passa palavra” sempre foi conhecido como uma forma de persuasão e de influência dos consumidores.

Algumas empresas escolhem pessoas com perfis específicos para o “passa palavra”. Temos aquelas pessoas que sabem tudo sobre todas as coisas, que Malcolm Gladwell, colunista da revista «New Yorker», no livro “«The Tipping Point»” apelida de «mavens», ou os “influenciadores” ou “pioneiros”, que são aquelas pessoas que espontaneamente definem tendências culturais. O primeiro caso conhecido de utilização desta técnica foi o da «Procter & Gamble», que contratou mais de 200 mil adolescentes para falarem sobre vários produtos triviais como a pasta de dentes.

Em paralelo, temos também aquelas pessoas que têm um número de contactos e ligações muito superior à média e que possuem relações numerosas em diferentes meios, pelo que tudo que disserem terá um efeito ampliador e a mensagem espalhar-se-á rapidamente, como por exemplo o apresentador de TV Herman José.

Então, o «WOM Marketing» parte do princípio de que a mensagem de marketing dirigida a cada pessoa é muito mais forte e poderosa, uma vez que é pessoal, ao contrário da publicidade tradicional através de rádio e TV. Para alguns «marketeers» o «WOM Marketing» suscita alguns problemas de carácter ético, nomeadamente quando existe o pagamento a “profissionais” para dizerem bem de um determinado produto ou serviço, a exemplo do que fez a «Sony Ericsson» que contratou “turistas disfarçados” para lançar um novo modelo de telemóvel que tirava fotografias. No entanto, não nos podemos esquecer que o consumidor é, cada vez mais, sofisticado, sabe o que quer, e se não gostar não compra.

Artigo publicado no Jornal de Negócios (21-09-2006)

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Chegou o MB SPOT - o MULTIBANCO em todo o lado

A partir de Fevereiro algumas das funcionalidades mais procuradas nos Caixas Automáticos MULTIBANCO (CA-MB) passam a estar disponíveis nos Terminais de Pagamento Automático (TPA-MB). A SIBS: Forward Payment Solutions lança o MB SPOT, um novo serviço que permite carregar o telemóvel e pagar as facturas em estabelecimentos comerciais tais como pastelarias, mercearias, farmácias entre outros. Para utilizar o novo serviço basta ao cliente pedir a máquina de pagamento automático nas lojas identificadas com o símbolo MB SPOT (um alvo) e efectuar a transacção com o apoio do lojista e a habitual segurança do MULTIBANCO.

O serviço está disponível em cerca de 4 mil pontos de um universo de 35 mil terminais MULTIBANCO já habilitados. O MB SPOT destina-se a pessoas que gostam de ter o apoio assistido na realização de operações e um acesso ainda mais abrangente às funcionalidades já existentes no MULTIBANCO. Esta é, também, uma forma de os pequenos e médios comerciantes, como por exemplo papelarias, pastelarias, cafés, farmácias, restaurantes, lojas de conveniência ou pequenos supermercados, fomentarem o fluxo de clientes nos seus espaços comerciais.

Sob o mote “O MULTIBANCO em todo o lado”, a campanha de publicidade começa a 11 de Fevereiro na imprensa, rádio, mupies, internet e rede de Caixas Automáticos dando a conhecer o símbolo do serviço MB SPOT – um alvo - e as vantagens de ter acesso às funcionalidades do MULTIBANCO nas lojas aderentes.

Considerado um caso de sucesso a nível internacional, o MULTIBANCO é o Sistema de Pagamentos mais funcional da Europa. São mais de sessenta as funcionalidades existentes, das quais se destacam o pagamento de serviços, carregamento de telemóveis e pagamentos ao Estado.

O MB SPOT, resultado da permanente evolução da marca MULTIBANCO, actualmente com uma nova imagem, é um projecto da SIBS com o apoio dos bancos do Sistema.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Mais um comentário a um artigo meu do DE

Surge este post da leitura do excelente artigo que o Bruno Cota publicou no Diário Económico, sob o título “Encostado ou não?“.

Este artigo foca um fenómeno que grassa nas nossas empresas há muitos anos, e que assume particular relevância nos tempos que correm: aquilo a que eu chamo o PPE (Potencial Por Explorar). O que é isto? Simples: é todo o valor que deixamos de criar por não estarmos a aproveitar bem o potencial das pessoas que temos dentro da nossa organização.

Este tema torna-se especialmente pertinente nos tempos de crise endémica que vivemos, em que as empresas não se podem continuar a dar ao luxo de olhar para o talento com um bem escasso, que têm de comprar caro. Nos tempos que correm, é bom que as empresas tenham a capacidade de gerar e desenvolver talento dentro de casa, recorrendo aos colaboradores que já com elas colaboram. Esta é curiosamente, uma lógica económica de abundância que emerge num contexto de forte contracção!!!

Este contexto de adversidade representa, neste domínio, o avir de potenciais boas notícias, uma vez que acredito convictamente que em muitas organizações, por força de várias circunstâncias que a seguir enumerarei, a verdade é que se tendia a desperdiçar recursos e energias, por força de práticas de gestão menos exigentes e rigorosas, em que se obtinha muito pouco valor dos activos humanos disponíveis.

Como o Bruno Cota bem evidencia, muitas organizações têm no seu seio muitas pessoas “encostadas”, com pouco que fazer, ou sub-aproveitadas, ou alocadas erradamente às tarefas e missões erradas. E isto porquê? Por várias razões, das quais destaco:

o facto de muitas organizações se continuarem a reger por uma lógica de poder, em vez de se regerem por uma lógica de realizações e mérito, favorecendo a “politiquice” e matando o empreendedorismo - cf. o meu artigo “A Pesada Herança de Roma“;
o facto de, em muitas empresas, os gestores não estarem minimamente habilitados a gerir pessoas, tendo sido promovidos acima do seu patamar de competência, e alavancando a sua autoridade na sua competência técnica em vez de desenvolverem competências de liderança - cf. o meu post “Primus Inter Pares“;
a lógica “marxista” de luta de classes, que afecta não só o mindset de muitos trabalhadores, mas também o quadro referencial relacional de muitos gestores portugueses - cf. o meu post “Marx e o Talento“;
pelos motivos atrás enunciados, muitos gestores não apostam numa gestão transparente e genuína, que possa ser mobilizadora das vontades individuais, indispensáveis para activar o conhecimento que cada um de nós possui, e que decide ou não (todos os dias!) colocar ao serviço da organização onde trabalha - cf. meu post “Genuinidade Empresarial“;
a gestão de curto prazo e o imediatismo, resultado da pressão cada vez maior para resultados “instantâneos”, que criou toda uma geração de “gestores apressados” - cf. o meu post sobre o Efeito Laplace.
Poderia certamente continuar a enunciar motivos durante bastante mais tempo, mas basicamente eles andam sempre à volta da mesma questão: acreditamos ou não no potencial humano que temos na organização? Estamos ou não genuinamente apostados em criar valor aproveitando esse potencial, ou, ao invés, apenas nos interessa a nossa “agenda privada” de poder e ascenção?

Esta é uma questão fundamental, que nos faz evoluir de uma lógica de gestão do capital humano “à la Real Madrid”, em que só investimos em alguns poucos (as estrelas), acreditando que esses garantirão os resultados, para uma nova lógica “à la Mourinho”, em que todos têm um potencial que pode ser activado, fazendo com que pessoas a priori consideradas “normais”, sejam capazes de gerar resultados extraordinários (conforme aliás defendi no meu capítulo do livro Inteligência Humana).

Como o Bruno bem relembra, basta se calhar cada um de nós perguntar-se o seguinte: quantos trabalhadores “seniores” temos dentro de casa, dos quais se calhar já desistimos a priori por preconceito e ideias feitas?

A minha experiência confirma-me que, na maioria dos casos, as pessoas são como o vinho do Porto: melhoram com a idade - cf. o meu post “O Talento não tem Idade“.

Nós se calhar é que nos desabituámos a ver o valor intrínseco a uma pessoa com uma história de vida mais longa e rica, que, fazendo perguntas mais difíceis, nos obriga a um exercício de liderança mais exigente…

… e confundimos espírito crítico com teimosia ou resistência à mudança, o que nos faz muitas vezes “desistir” cedo de mais das pessoas.

Por tudo isto, corremos o risco de gerar nas empresas pequenas multidões de colaboradores que estão naquilo a que eu chamo o “estado MINSD“, ou seja, colaboradores que fazem o Mínimo Indispensável para Não Serem Despedidos !!!

E a pergunta que se impõe é: queremos ter colaboradores no estado MINSD nas nossas organizações? Podemos dar-nos a esse luxo???!!!

Obrigado e parabéns ao Bruno Cota por lançar a “pedrada no charco”!

Votos de boa reflexão



Por Ricardo Costa em http://mentesbrilhantes.wordpress.com/2009/02/05/ppe-potencial-por-explorar-ou-como-evitar-o-efeito-minsd/

Marketing “com espírito de cardume” (ou a Paixão segundo São Bruno)

Não posso deixar de partilhar convosco um comentário ao meu artigo "Marketing com espirito de cardume" do leitor Jorge Roberto:

Li o artigo “Marketing “com espírito de cardume”” do Professor Bruno Cota e não resisti à metáfora, plena de ressonâncias bíblicas, resultante da conjugação da paixão e peixes.

Não li o estudo promovido The Fórum Corporation mas fiquei preocupado com as conclusões que indicia:

Será que os clientes pensam mesmo o que é referido no estudo sobre os vendedores de produtos? e que os maiores erros cometidos pelos vendedores corresponderão a 100% das vendas? Se assim for, as vendas parecem acontecer por milagre.

Podemos imaginar uma explicação alternativa: as vendas são conseguidas pelos méritos intrínsecos dos produtos?

Será que a força de vendas só complica? Serão os vendedores apenas um custo (e como podem os empresários não se dar conta disso)? Serão os vendedores, parte do preço (sacrifício) a pagar pelos clientes/consumidores para poderem aceder aos desejados produtos?

Serão as vendas da Playstation 3 ou do ultimo livro do Harry Potter, em que as multidões invadem os espaços comerciais às 24 horas e atropelam e esmagam os mais fracos na ânsia de poderem aceder ao almejado Produto, obra exclusiva da concepção do produto? e os vendedores, meros empecilhos, entre o produto e o cliente? Ou muito do sucedido tem a ver com técnica de vendas?

E na Banca, como se desenvolveria o negócio? Assente exclusivamente em canais como a Internet, com um site onde seriam apresentadas as fichas técnicas dos produtos e uma rede de lojas automáticas (havendo certamente que facilitar as vendas eliminando os comerciais e respectivos custos)?

Ninguém ignora o crescimento do negócio bancário através dos canais alternativos à rede tradicional de distribuição (Balcões). Todavia, mesmo os Bancos virtuais, tendem a adoptar meios de angariação de negócio que passam pelas pessoas i.e. pelos vendedores (ou promotores). O modelo de negócio não pode ser meramente reactivo mas assentar num modelo proactivo em que as pessoas, leia-se vendedores, fazem a diferença.

Mas há defeitos e erros nas vendas? Certamente que sim.

Mas o mundo aos olhos de um apaixonado não é o mundo objectivo, é um mundo percepcionado.

Não li o estudo promovido The Fórum Corporation mas, na síntese referida no artigo, não gostei das conclusões que propicia.

Porém, não ignoro que a sua inserção no artigo Marketing “com espírito de cardume” (ou a Paixão segundo São Bruno) tem uma clara finalidade: mostra-nos o purgatório mas revela-nos o caminho do paraíso (perdão, pela continuação da ressonâncias bíblicas).

E que dizer acerca do Paraíso?

Segundo São Bruno, “… se todas as pessoas numa organização fizessem o melhor em cada dia e se estivessem verdadeiramente empenhadas?..” e se conseguirmos que os vendedores nadem como se fossem um único indivíduo, com o mesmo destino, empenhados nos mesmos objectivos, motivados, com paixão no trabalho e atitude positiva.

Não é isto o paraíso de uma organização?

Tenho, por certo que a maior dificuldade não será aceder à paixão mas mantermo-nos apaixonados ao longo da vida.

Mas, convenhamos que, em muitas empresas, não existem quaisquer sinais do mais ligeiro afecto. Assim sendo, como se poderá pensar numa relação e ainda mais numa paixão?

Antes do mais, em cada organização há que se sentir que cada colaborador é desejado, que cada colaborador se sinta bem, que cada colaborador se realize, possa progredir e se ultrapasse a si mesmo, que cada colaborador perceba a sua organização como The Best Place to Work.

Se assim for estamos perante uma organização em que 1+1=3 i.e. a o todo é maior que a soma das partes.

Este clima não deixará certamente de oferecer as condições indispensáveis para que as paixões nasçam, se desenvolvam, se aprofundem, se multipliquem e que … façam mais: nos mantenham num estado de permanente paixão.

“ A relação entre um vendedor e um cliente deverá ser como um “casamento feliz”, afirma São Bruno. Todavia, dada a crise e polémica que a instituição casamento atravessa e para evitar qualquer contaminação, preferiria falar de uma relação feliz, onde não exista acomodação e qualquer surpresa ajude a elevar o estado de paixão, que seria a única razão a justificar a fidelidade (conquistar e reter clientes não é um objectivo estratégico de todas as empresas?)

Falei de surpresa, mas importa clarificar o pretendido.

O que quero significar é a capacidade de cada organização (o que é mais ambicioso do que deixar esta tarefa a cargo dos vendedores) surpreender cada cliente, ultrapassando as suas expectativas e fazer com que se renda à nossa paixão e se entregue numa relação sem fim.

O foco no cliente (já agora interno e externo) não pode ser exclusivo dos vendedores mas de toda a organização (lembrem-se do Paraíso i.e. “…se todas as pessoas numa organização fizessem o melhor em cada dia e se estivessem verdadeiramente empenhadas…”), desde a concepção do produto, passando pela venda e tendo muita atenção no pós-venda.

Mas como não nos referirmos aos peixes e ao mercado Pike Place ?

Como se passou da “monotonia de horários extensos, peixes fétidos e câmaras frigoríficas” para um espaço onde a energia é “tão contagiante”, onde “…com uma nova atitude, mais positiva e determinada os peixeiros de Pike Place criaram uma ambiente totalmente diferente…”

Não assisti ao Fish Event, pelo não percebi se os peixeiros seriam empresários ou seus colaboradores. E seria importante? Talvez, se nos pudesse ajudar a perceber como foi originado o novo ambiente. E isto seria importante? Talvez, se contribuísse para a clarificação de a quem deve pertencer a iniciativa de começar a alterar o ambiente.

Não assisti ao Fish Event mas não vou ficar à espera destes esclarecimentos para alterar o ambiente. Começo por mim (lembrando Kennedy, não perguntes o que a América pode fazer por ti mas o que podes fazer pela América) e espero contribuir para melhorar o ambiente, exibindo um estado de paixão contagiante.

Para os que acharem o tom excessivamente romântico e não adequado à realidade, sempre quero lembrar que se não se acharem correspondidos na paixão no espaço em que trabalham podem sempre achar (ou procurar ou, melhor ainda, ser procurados por) outro espaço para dar largas à paixão.

Importante mesmo é estar apaixonado ou, dito de outra forma, o melhor da paixão é estar apaixonado.

Não se entenda esta modesta nota como algo que pretenda contestar ou sequer beliscar as teses de São Bruno.

Longe disso.

Propõe-se apenas que (espaço para uma metáfora ao jeito oriental), em lugar de se olhar para a foz do rio (e não é tão deslumbrante?), possamos olhar também para a nascente, onde o rio nasce e vence montanhas até chegar à foz.

Notas:
Julgo que se perceberá que não gostei nada da expressão do mediador de seguros “Sr. Dr. ao fazer um seguro comigo, não compra apenas um seguro. Compra-me também a mim.” Prefiro a lógica da paixão (será que a paixão tem lógica?)

Agora e a finalizar mais a sério.

Espero que a forma como foi desenvolvida esta nota não suscite qualquer melindre e peço desculpa pela extensão desta nota.

O meu objectivo foi responder a um desafio que o Professor lançou aos seus alunos (e eu ainda não o sou) mas ao qual não resisti.

Há um enorme mérito do artigo do Professor Bruno Cota, para além de ter suscitado esta reflexão (interrompendo a conclusão do meu trabalho final para a cadeira de Sistemas de Informação em Gestão): provoca o confronto de ideias e a reflexão, que constituirão certamente o seu objectivo enquanto docente. Bem-haja por isso.

Até Setembro, momento em que nos encontraremos nas aulas da cadeira que lecciona no Mestrado de Gestão da Universidade Lusíada (e com esta reflexão até parece que já começámos as aulas)

De seu colega de profissão e futuro aluno

Atentamente

António Roberto

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Os Agentes de Marketing Cultural




O desenvolvimento do marketing cultural é consequência das interacções de diversas partes, que influenciam o sucesso de uma acção de patrocínio:

• Artista – é o destinatário dos recursos e idealizador do evento cultural.

• Agente ou Produtor Cultural – actua como facilitador entre o artista e o patrocinador, elaborando e submetendo projectos culturais de acordo com critérios de mercado.

• Patrocinador – é a fonte de recursos que viabilizam totalmente ou em parte o evento cultural, recebendo contrapartidas por esses recursos.

• Consumidor – é o consumidor do produto cultural, o público-alvo.

Todos e cada um destes agentes podem ter funções e objectivos diferentes, mas todos trabalham para um mesmo fim: o evento cultural.