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terça-feira, janeiro 31, 2006

Empresas portuguesas não conseguem reter «talentos»


Empresas portuguesas não conseguem reter «talentos». Atrair colaboradores com «grande talento» e conseguir retê-los numa empresa são os dois grandes desafios na gestão de recursos humanos que as organizações de todo o mundo enfrentam, revela o estudo sobre gestão de talento da consultora Deloitte.

No caso português, cerca de 87% dos inquiridos revelam que as empresas portuguesas têm como principal preocupação a «retenção de colaboradores chave». O modo mais seguro para as empresas se protegerem é através do desenvolvimento de estratégias que as tornem «atraentes para o talento».

Os resultados em Portugal revelam que as organizações começam agora a despertar para esta temática, pois estão a tornar-se mais pro-activas na gestão das suas necessidades de talento, através de uma variedade de iniciativas.

As organizações na Europa prevêem vir a ter escassez de talentos para Chefias, com 76% dos inquiridos a confirmar que poderão vir a sentir alguma escassez. Tal como em Portugal, as organizações estão menos preocupadas com a disponibilidade de Trabalhadores Indiferenciados, sendo que 51% dos inquiridos afirma não prever qualquer escassez nesta área.

Grande parte das organizações nacionais afirma que a sua grande preocupação assenta na «retenção de colaboradores chave». Este tema, apesar de registar resultados elevados a nível Global (66%) e Europeu (69%), assume particular relevância para a realidade portuguesa (87%).

Em Portugal, o aspecto «gerir trabalhadores globalmente» é também considerado como decisivo para o sucesso das organizações (53%), ao contrário dos resultados globais (24%) e Europeus (25%).

O estudo revela também que o desemprego se mantém presente em todas as economias, sendo mais acentuado em alguns países. No entanto, os resultados indicam que o problema dos talentos está relacionado com a disponibilidade de competências, e não com o número de colaboradores no mercado de trabalho.

A legislação relativa às reformas está a ser revista em alguns países mas, no actual cenário, o número de colaboradores qualificados que abandonam a vida activa no fim da meia-idade é superior aos novos colaboradores recrutados para o preenchimento das suas funções. Mesmo nas indústrias com colaboradores suficientes para preencher as funções qualificadas, o tempo utilizado na formação e integração dos novos colaboradores, de modo a acrescentarem valor em termos reais à Organização é crítico.

O inquérito revela, ainda, um investimento crescente em iniciativas não remuneradas, como formação e desenvolvimento, comunicação interna, coaching e desenvolvimento cultural.

Ausência de bons colaboradores afecta produtividade da empresa

O estudo da Deloitte identifica uma ligação clara entre a gestão do talento e o desempenho da organização. Cerca de 40% dos participantes em Portugal consideram que os aspectos da gestão de talento influenciam a produtividade e eficiência da empresa.

Uma percentagem significativa dos participantes em Portugal (33%) considera que a ausência de bons colaboradores afecta a capacidade de inovar. O estudo detecta que, nas organizações nacionais, é importante que seja mais evidente o impacto entre o talento e a expressão desse talento junto dos seus clientes, pois apenas 10% considera que a falta de talento limita a capacidade de conjugar as exigências de produção com as necessidades do cliente. Possivelmente será desejável uma crescente consciencialização de que a diferença no mercado, se faz também, pelo talento crítico de uma organização.

O estudo foi apoiado num inquérito, efectuado através de e-mail, junto de profissionais de recursos humanos de 1.396 empresas de 60 países de todo o mundo, representando diversos tipos de indústrias e organizações de várias dimensões.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Ardinas saem hoje à rua em acção do BES

Maria João Lima

Hoje, dia 30 de Janeiro (primeiro dia útil após a mudança de imagem da rede de balcões do Banco Espírito Santo), 20 ardinas (dez em Lisboa e dez no Porto) estarão em locais estratégicos junto a saídas de metro e comboios a gritar pregões enquanto entregam aos transeuntes 40 mil exemplares do "jornal BES" com informação sobre a nova identidade corporativa. A edição será numerada de maneira a sortear 50 fins de semana para duas pessoas nos Hotéis Tivoli.

O guarda-roupa dos ardinas reconstitui a indumentária dos antigos ardinas. As roupas foram criadas a partir de fotografias das primeiras décadas do século XX, enquanto a tarefa de dar vida aos ardinas foi confiada a actores profissionais.

O jornal, intitulado "Verde Futuro", que é a designação da cor da nova identidade corporativa do BES, vai conter textos e imagens alusivos à campanha de publicidade associada à nova imagem, bem como ao processo de renovação da identidade do BES.

Esta iniciativa é uma acção integrada na campanha de renovação da identidade corporativa do BES. Recorde-se que a nova imagem do banco foi divulgada no dia 28 de Janeiro, através de uma campanha de publicidade e, em simultâneo, da revelação ao público da nova imagem dos balcões do BES.

Fonte
Meios e Publicidade Online

quinta-feira, janeiro 26, 2006

O verde futuro de Ricardo Salgado

O verde futuro de Ricardo Salgado
Marcas bancárias rejuvenescem identidade.

Novo verde revelado em campanha de 750 mil euros
Cartões, folhetos e todo o estacionário serão rejuvenescidos com o verde futuro. Que será revelado ao público no sábado. Uma campanha de publicidade que decorre até 5 de Fevereiro. Após o mote da primeira fase da campanha: "Qual é a cor do novo BES", agora é a vez do "slogan": "Esta é a nossa cor". Um investimento de 750 mil euros.

Novo BES

O BES não quer ser monocromático. Apostou num fundo de cor, uma esfera onde os vários tons de verde pretendem exprimir universalidade e diversidade. A base do símbolo é a mesma. Mas está estilizado e descentrado, com o objectivo de projectar movimento. O "lettering" pretende-se mais moderno e afirmativo.

Verde futuro para dar esperança aos clientes
LÚCIA CRESPO

Um verde futuro. É a tonalidade que resulta da combinação das alfaces, azeitonas e limões que andaram a veicular nos écrans de televisão. É o desvendar da nova imagem corporativa. O logótipo do Banco Espírito Santo (BES), inalterado desde 1991, mudou ontem. Um investimento de seis milhões de euros para rejuvenescer o banco que conquistou 18% de quota de mercado e 120 mil clientes em 2005, e que quer mais cem mil este ano. Uma aposta para reforçar a presença do BES no exterior.

"Trata-se de uma evolução. Não de uma revolução. Adoptámos uma imagem mais fresca para nos aproximarmos do cliente. Para fazer do BES um banco popular, para todos os portugueses. E estrangeiros", afirmou, em conferência de imprensa, Ricardo Salgado, presidente da comissão executiva do BES.

De acordo com Joaquim Goes, administrador da entidade bancária, a nova imagem corporativa vai ao encontro daquilo a que chama uma lógica "customer-centric", em que o cliente está no centro das atenções. "Vamos reforçar o posicionamento de 'customer-centric', partilhar o conhecimento e reforçar a interacção com o cliente", prometeu.

As próprias campanhas institucionais, a serem lançadas pelo BES ao longo de 2006, vão exprimir esta nova atitude: "Quem sabe, sabe, e o BES sabe': irá mudar, por exemplo, para "Quem sabe, sabe e o Joaquim sabe".

A nova imagem corporativa, da autoria do "designer" Ricardo Mealha e da agência de publicidade BBDO, vai ser visível nos balcões a partir de 28 de Fevereiro, numa operação "big-bang" que vai cobrir, no curto-prazo, 95% da rede total.

Além dos 600 balcões de retalho, que incluem as agências do Banco Internacional de Crédito (BIC), adquirido pela instituição de Ricardo Salgado, o BES conta 55 pontos físicos de acesso ao banco em Portugal. Em território estrangeiro, a mudança já está a ser preparada em Espanha. Seguese Angola e outros países.

Estratégia de macro-segmentação

Para seguir a lógica "customer-centric", o BES tem reforçado a estratégia de macro-segmentação. "O cliente escolhe onde, quando e como quer", enfatizaram os responsáveis.

No segmento de negócios, aquele em que o banco regista uma taxa de crescimento mais significativa, o BES tinha, no fim de 2005, 110 mil clientes e uma quota de 20% no crédito concedido, uma percentagem superior à sua quota global. Já o chamado segmento 360, que tem uma abordagem personalizada, registou 200 mil clientes no final do ano passado. O segmento de particulares de retalho contou com 1,3 milhões.

O banco vai reforçar a aposta em novos nichos de mercado, nomeadamente nos imigrantes. "Já representam um potencial de 400 mil clientes, o que significa 7% da população activa", salientou o administrador do BES, que efectuou uma parceria com o Bradesco para serviço de remessas.

Também os turistas residenciais (50 mil) são uma aposta. "As projecções de crescimento apontam para 300 mil proprietários e 25 mil casas por ano até 2012", disse Joaquim Goes. Para este nicho, o BES prevê lançar uma estrutura de suporte em Portugal e no Reino Unido.

Para responder ao "aumento da exigência dos clientes", o BES reforçou, também, uma estratégia multicanal. "Desde 2003, o número de contactos via Internet superou o número de interacções nos balcões", conta Joaquim Goes. "O cliente escolhe onde, quando e como", repetem os responsáveis do BES.

Tudo para captar clientes. Cem mil ao ano é o objectivo. E uma quota de 20% de mercado é a meta para 2006. Uma meta que se estende além fronteiras. O BES quer manter um lugar de liderança na Península Ibérica. Ficar no "top-3" em eficiência. Afinal, mais de 25% da actividade do BES é gerada no estrangeiro. Quem o salienta é Ricardo Salgado, reiterando que o banco a que preside, que tem subsidiárias em Espanha, Angola, Macau e operações em vários pontos do mundo, "sempre foi o mais internacional dos grupos financeiros portugueses".

Agências com caixas de luz

Caixas de luz como sinaléctica exterior, cor branca do "lettering" a contrastar com o verde vivo do espectro de verde futuro. Eis as características das "novas" 600 agências. Recorrendo a perfis de alumínio que forniam a moldura das caixas de luz, acentuou-se a imagem de modernidade.

Marcas bancárias fortes são essenciais para economias de escala

Em contextos pluriculturais e multilinguisticos a percepção da identidade parece ser fundamental. Os bancos estão atentos. A acompanhar a entrada em mercados aíém fronteiras, tem que estar presente uma marca global e única. Veja-se o exemplo do Banco Comercial Português (BCP), que vai adoptar a marca Millennium nas suas operações no estrangeiro. Até o "slogan": "A Vida inspira-nos" vai ser exportado. Também o BPI é apontado como protagonista das maiores mudanças a nível corporativo no sector bancário. O Totta é indicado como um caso de sucesso. Este é ò ano do BES. Até agora.

"A banca é dos sectores que maiores e mais profundas transformações sofreu na última década. Tem um enquadramento competitivo em acelerada mudança, fruto de alterações originadas pelo impacto da revolução tecnológica em curso. É neste contexto “que a marca dos bancos ganha importância e um novo sentido", considera Bruno Valverde Cota, professor de "marketing" na Universidade Lusíada de Lisboa e autor de livros como "A Emergência do Marketing Bancário". "Estamos a tratar da identidade das marcas bancárias. E não nos esqueçamos que a identidade é mais do que um nome ou um logótipo. Todas as acções devem afirmar a identidade: os produtos, os contextos físicos, o material de comunicação e o comportamento dos colaboradores", alerta.

Segundo o docente, a mudança de imagem por parte do BCP e BPI surge "da necessidade dos grupos se tornarem mais competitivos, pois a concorrência tirava partido da dispersão das marcas dos grupos". Isso mesmo é o que Paulo Fidalgo, director-geral de comunicação do Millennium bcp, aponta. "Chegámos a promover mais de 50 marcas, entre marcas de entidade jurídica, de rede comercial e nomes de produto. (...) Por outro lado, medimos as necessidades de investimento publicitário de cada marca e percebemos que a concorrência tirava partido da nossa dispersão", salienta.

"O fim da coexistência de várias marcas permite poupanças anuais de oito a nove milhões de euros".

"Neste quadro, uma ‘grande marca’ é uma necessidade, não um ‘luxo’, sentencia Bruno Valverde Cota. E com ela que os bancos podem viajar pelo mundo fora, ultrapassar barreiras culturais, apelar a múltiplos segmentos de consumidores, criar economias de escala e ganhar margens elevadas por mais tempo.

Vegetais, flores e frutas. Cores mais vivas é uma tendência apontada por Filipe Carrera, professor no ISEG. O BES aposta num verde mais aberto. O Millennium bcp também optou por um púrpura mais arrojado. "Para ter uma ideia correcta da inserção do banco na paisagem urbana portuguesa, nada melhor que uma volta nocturna por Lisboa ou outra cidade. É possível reconhecer sucursais BCP a mais de 500: metros de distância dada a clara identificação proporcionada pela cor", comenta Paulo Fidalgo.

"É curioso observar como a natureza está omnipresente em três dos maiores bancos portugueses. Sejam flores, frutas, ou vegetais", diz Ricardo Miranda, director criativo da MKT. "Numa era de Plano Tecnológico e de novas tecnologias, os valores que as marcas bancárias querem projectar são de regresso à mãe-natureza", brinca. "Por outro lado, há um fenómeno de arrastão na coisa. Se uma marca grande vai buscar a natureza para exprimir dos seus valores, é natural que as marcas concorrentes sejam tentadas a seguir o mesmo caminho. É o chamado 'não querer perder o barco'".

"Mas não nos iludamos, pois uma marca é, em si mesma, uma promessa e, no final, é necessário cumprir as promessas", alerta Bruno Valverde Cota. "Qualidade do serviço prestado e capacidade de criar ‘boas experiências’ aos clientes serão certamente o factor crítico de sucesso. Apesar dos fortes investimentos da banca em tecnologia e em comunicação, os recursos humanos são o factor determinante do sucesso da estratégia de cada marca bancária. Qual o banco português melhor preparado para este desafio? Essa é a principal questão!".

Millennium bcp
A aposta na marca única

O grupo BCP abandonou as marcas comerciais Nova Rede, Atlântico, Sotto Mayor e BCP e apostou na designação única Millennium bcp, a marca que a instituição tinha na Polónia. "A palavra BCP era fortíssima em Portugal mas não funcionava no estrangeiro. Já Millennium bcp era inteligível em diversas línguas, exprimindo universalidade. Mas, sozinha, remetia para áreas não bancárias", comenta Paulo Fidalgo, directorgeral de comunicação do grupo BCP. Resolução? A marca única Millennium bcp no final de 2003. "Millennium", uma palavra com origem latina, é "emocionalmente forte". Já a cor púrpura exprimia uma ruptura com o passado. Mas não totalmente. A linha cromática é a mesma de sempre e a marca histórica BCP ficou como marca de "endorsement", dando continuidade às faixas bcp existentes nas sucursais. Um montante total investido de 11,4 milhões de euros (incluindo adaptação da imagem às sucursais, áreas de "selfbanking" e infraestrutura de "merchandising").

Banco BPI
Flor de laranjeira de quatro pétalas

O Banco BPI nasce em 1998, em resultado da fusão de quatro bancos, o Banco Fonsecas & Burnay, o Banco de Fomento e Exterior e o Banco Borges & Irmão, tendo também sido absorvido, no final desse ano, o Banco Universo, um banco "in-store". BPI herdou a nome e a cultura do Banco Português de Investimento. Com ele, nasce também uma nova imagem. Que pretende combinar dois atributos: a experiência, reflectida na tipografia e no tom sóbrio do nome BPI, e a harmonia, representada através da cor e do motivo - à flor de laranjeira. "Em muitas regiões da bacia mediterrânica e do Cáucaso, laranja diz-se com o nome de Portugal, num inesperado vestígio com a história dos Descobrimentos", comunicou a instituição: "A laranja também sugere calor e cordialidade, símbolo de felicidade e acolhimento. À flor de laranjeira foi retirada a quinta pétala para se adequar a forma ao simbolismo relativo ao número de bancos associados".

Banco Santander Totta
Um projecto multimarca

Duas marcas comerciais. Uma institucional. O Banco Santander Totta existe formalmente em Portugal desde Dezembro de 2004, altura em que as três instituições detidas pelo grupo - Totta, Santander e Crédito Predial Português (CPP) - passaram a dar lugar, formalmente, a um banco único, sob a "holding" Santander Totta SGPS. A marca CPP desapareceu e as suas agencias foram integradas na rede Totta. Já as duas marcas comerciais Totta, marca centenária, e Santander foram mantidas. Uma estratégia multimarca defendida pela administração. Surge um Totta com uma letra minúscula, arredondada e cheia para projectar o nome de modo amigável, jovial, descontraído e caloroso. A dicotomia de cores e os dois "ts" pretendem representar o encontro de duas partes - o banco e os clientes - num mesmo nome. O azul projecta ideias associadas à racionalidade e solidez, enquanto o vermelho está associado à emotividade e dinamismo. Já o logótipo do Santander é constituido por elementos como a chama e a cor. O vermelho evoca energia, força, coragem e domínio.


Fonte
Jornal Negócios : LÚCIA CRESPO

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Marketing político

Opinião DE
by André Vilares Morgado*
Muito se discute no seio da opinião pública sobre marketing político e suas consequências, relacionando-o, por vezes, com propaganda ou até com a necessidade desenfreada e a qualquer preço de obter o máximo número de votos durante um período eleitoral. Esta postura representa um erro, quer pela falta de compreensão dos conceitos envolvidos, quer pela associação negativa a fenómenos do passado.Marketing político não é propaganda e, ao contrário do que muitas vezes é entendido pela classe política, não se restringe a realizar operações de construção da imagem de um candidato ou em promover, através de uma organização espectacular, um comício com objectivos mediáticos. Ao encarar o marketing político como um exercício de construção de imagem, estamos, ironicamente, a confundi-lo com uma das suas componentes, dado que o sucesso da aplicação de um programa de marketing nesta área resulta da ampla satisfação das necessidades e expectativas dos eleitores, relativamente ao que anseiam de uma organização política.É no ano de 1952 que pela primeira vez um candidato às eleições presidenciais americanas, o General Eisenhower, solicita a uma agência de publicidade a realização de uma campanha com “spots” televisivos. Nasce, então, uma expressão crítica que questiona se um candidato “deverá ser vendido como um sabonete”. Neste sentido, devemos ter em conta que um candidato ou um programa eleitoral não equivalem a um produto, um comício não é um ponto de venda, bem como o desgaste psicológico que exige o acto de votar não é comparável ao preço que se paga por um bem ou serviço. Estas são algumas comparações que se estabelecem entre o marketing dito comercial e o marketing político, contribuindo para o descrédito deste último.Sendo assim, o marketing político é definido como o conjunto de técnicas e métodos que uma organização política dispõe para conhecer os seus públicos e neles exercer influência, ou, mais precisamente, é o processo de favorecer um candidato aos seus eleitores, diferenciando-o dos seus concorrentes e utilizando o mínimo de recursos. As suas áreas ou domínios de intervenção são definidas por Denis Lindon na sua obra “Marketing Politic”: o estudo do eleitorado e criação de estratégias de comunicação.O estudo do eleitorado é o equivalente ao estudo de mercado no marketing convencional e constitui a primeira etapa de uma campanha deste género. Tem por objectivo conhecer, compreender e prever as atitudes e os comportamentos do eleitorado. Consiste na recolha e análise de informação sobre as características, desejos, motivações, aspirações, anseios, processos de decisão e comportamentos dos públicos pelos quais uma organização se interessa.De facto, para agir sobre um público é indispensável conhecê-lo, ou seja, para criar empatia com os eleitores e, particularmente, saber a quais entre eles nos havemos de dirigir, é necessário saber quem são, como pensam e como tomam as suas decisões de voto. Então, é necessário aplicar métodos sistemáticos e científicos de estudo eleitoral, contrapondo com os métodos empíricos geralmente utilizados. Estes, os científicos, podem ser classificados em duas grandes categorias, sendo que a primeira a desenvolver deverá ser a análise estatística das características sócio-demográficas da população ou de um segmento da mesma, através de dados oficiais disponíveis. Geralmente, este é um método mais simples e menos oneroso e deve constituir-se como ponto de partida para outros processos, nomeadamente os inquéritos de opinião cujos objectivos são a recolha dos valores, aspirações, atitudes e intenções de voto dos eleitores.O voto dos eleitores não exprime apenas um sentimento ou predisposição instantânea (constituído por preocupações e aspirações imediatas), nem a percepção imediata dos interesses pessoais, económicos e sociais, ou, ainda, o julgamento que possuem sobre as capacidades e aptidões dos candidatos. Reflecte, no entanto, certas atitudes profundas que, muitas vezes, se encontram à margem do conhecimento da sociedade e das organizações políticas. Quando se afirma que alguém é comunista, socialista, liberal ou social-democrata, não nos estamos a referir simplesmente a uma avaliação da posição conjuntural do indivíduo sobre os problemas da actualidade, mas sim às suas atitudes políticas fundamentais ou ao que podemos apelidar como sendo o seu temperamento político. Deste modo, se podemos afirmar que temperamento político de cada indivíduo determina o seu sentido de voto, então é necessário conhecer estas características nos eleitores.A segunda etapa na elaboração de um programa de marketing político consiste na definição da estratégia de comunicação política a implementar, ou seja, em seleccionar e aplicar as técnicas de comunicação que melhor materializam o conceito pretendido, bem como seleccionar os públicos ou segmentos que se revelem determinantes para maximizar a eficiência dos recursos disponíveis que, como sabemos, são, cada vez mais, limitados. Nesta fase, não devem ser ignoradas as preocupações relativas à comunicação com os media, bem como a constituição de um sistema de gestão de crise ou a organização de um grupo de auditoria e monitorização de imagem. O caminho a adoptar indica a via da personalização do contacto, apostando na interactividade digital como forma de obter um relacionamento “one-to-one”. Também a inovação das formas e formatos da comunicação têm uma palavra a dar, como forma de proporcionar diferenciação entre candidatos e partidos.Para finalizar, e tendo em conta que não há marketing político sem eleitores, devo assumir que, actualmente, a prática do marketing político está longe de se encontrar com a verdadeira missão do mesmo. De facto, os praticantes desta disciplina devem beber junto do marketing convencional algumas premissas no que concerne à relação com os eleitores, tais como o respeito pelos mesmos na qualidade de cidadãos, a ética relativa às formas de estar perante a opinião pública, os princípios relativos a um financiamento transparente e, por último, o respeito por compromissos assumidos por esta via. A dignificação do marketing político passa, inquestionavelmente, pela dignificação da classe política que só é possível alcançar através do respeito pelo cidadão, enquanto indivíduo que partilha os mesmos direitos e ideais de igualdade e justiça.
* MBA AESE/IESE
andre.morgado@gmail.com

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Marketing Político ou “Politiquices”

by Bruno Valverde Cota *

Hoje há quem confunda Marketing Político com Marketing Eleitoral e com Publicidade Política. Ora, o Marketing Político deverá assentar em valores, na verdade e honestidade, no rigor técnico e científico e, certamente, com arte e ética na persuasão.

Desta forma, o Marketing Político, a meu ver, é uma actividade que assenta na Análise, Planeamento, Implementação e Controlo de Programas Políticos destinados a criar e manter relações de troca mutuamente vantajosas com os cidadãos, de modo a atingir os objectivos de um grupo político.

A publicidade é apenas - ou deveria ser -, uma das variáveis do Marketing Político. Se considerarmos a publicidade política como tendo, hoje em dia, o mesmo significado que Marketing Político, cometemos um erro, já que a publicidade é intrínseca ao conceito de Marketing Político. Considerá-la – a publicidade -, Marketing Político seria reduzirmos a política a um acto de “cosmética”, na maioria das vezes com acções de comunicação “de muito mau gosto”, reduzindo a mensagem política ao mínimo, sem ideias e valores.

Clarificado que está o conceito, é fácil concluirmos que em Portugal não se pratica Marketing Político. Faz-se marketing eleitoral e publicidade política. Marketing Político, implicaria necessariamente uma boa Gestão e a capacidade de criação de valor para os cidadãos, utilizando a aptidão para compreender as actuais e emergentes necessidades e vontades de cada cidadão, um benchmark dos outros países, ofertas e estratégias e as tendências para o futuro.

O Marketing Político deve ser gerido. Por isso, cabe-lhe o papel de regular e dinamizar a produtividade da “causa pública” e aumentar o valor percebido dos serviços disponibilizados através de uma base sustentada de fidelização dos cidadãos. E isso é feito através de pessoas que sabem gerir e não com recurso exclusivo a técnicas de comunicação.

Permitam-me o desabafo: enquanto o país não tiver a capacidade de atrair para a política pessoas de valor ao nível técnico e fundamentalmente com experiência – adquirida nas organizações e empresas -, com conhecimento real e vivido sobre os principais problemas da sociedade, não teremos Marketing Político, mas apenas algumas – se calhar em excesso – “politiquices” apoiadas e ajudadas pelos excelentes profissionais de Comunicação que existem por aí. Mas quando o conteúdo é “oco”…

É certo que o Marketing Político está associado a um discurso baseado na persuasão, com o intuito de prescrever conclusões definitivas, o que devemos querer e não querer. Todavia, o discurso persuasivo é perigoso quando defrauda e se torna o único discurso político possível, não receptivo a outros discursos abertos e criativos. Basta analisar a nossa história política mais recente.

Hoje em dia é natural que o cidadão seja persuadido, mas deve saber o porquê das coisas, de modo a permanecer livre em relação às técnicas de persuasão. Já a Retórica de Aristóteles “consistia num manual de persuasão e na denúncia científica e pública das técnicas de persuasão”.

O mais importante é sabermos que o Marketing Político assenta em valores e lida com a verdade. E isso não é manipulação política baseada em publicidade. Barthes dizia que a “imagem é uma mensagem, é um suporte à fala mítica”. Daí a importância dada à imagem.

No Marketing Político mais moderno, os grupos políticos começam a sentir a necessidade de desenvolver processos de adequação viável entre os objectivos, experiências e recursos, e as suas oportunidades numa sociedade em constante mudança. Assim sendo, torna-se essencial o planeamento de todos os recursos para alcançar objectivos quantificados num determinado período de tempo.

Terá que ser feita, cada vez mais, uma análise das capacidades financeiras, humanas e tecnológicas de forma a ser avaliada a boa concretização dos planos propostos. Os políticos devem fazer com regularidade uma revisão crítica das suas metas globais e da eficácia de marketing, pois é uma área, com a complexidade e mutação constante da sociedade, em que os objectivos, as políticas, as estratégias e os programas rapidamente se tornam obsoletos.



*Doutorado em Gestão, na especialidade de Marketing, pela Universidade de Évora.Professor Universitário.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Seminários Marketing Research

A Universidade Lusíada de Lisboa e, particularmente, o curso de Pós-Graduação em CRM e Marketing Research leva a cabo pelo 2.º ano consecutivo um conjunto de seminários integrados, patrocinado pela APODEMO, subordinado ao tema Marketing Research.

O objectivo é o de transmitir aos participantes a experiência vivida dos estudos de mercado e do marketing research.

Pretende-se também com este evento criar referências num contexto de recolha e exploração de informação de gestão e de marketing.

Veja em:

http://www.lis.ulusiada.pt/eventos/seminarios/marketingresearch/seminarios.htm