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sábado, dezembro 24, 2005

Uma reflexão...

A deslocalização dos centros estratégicos de informação na Banca, uma tendência a seguir ?

by Carlos Coelho Ferreira*

O Mercado soube durante este mês que mais um Grupo Bancário da nossa praça decidiu entregar a gestão das suas principais infra-estruturas de sistemas de informação a uma grande multinacional Americana da área dos Sistemas de Informação. Este contrato de outsourcing segundo os seus mentores, insere-se num conjunto de medidas que o banco pretende adoptar nos próximos meses, com o objectivo de reduzir custos e potenciar aumento de receitas.Segundo o que consta da sua nota à imprensa, o acordo em causa, válido por dez anos, vai permitir a poupança 56,7 milhões de euros na gestão da sua infra-estrutura informática, durante a validade do contrato. No primeiro ano - o corrente exercício -, o banco vai conseguir reduzir em 6,8 milhões os gastos associados a esta área. Um valor equivalente a quase 1% do total dos custos operativos da instituição em 2004.


A banca, tradicionalmente um sector fechado em termos tecnológicos, o que levou, aliás, à criação de grandes estruturas dentro das instituições bancárias dedicadas aos sistemas de informação e levou à criação de sistemas proprietários em cada banco. No entanto, essa situação tem-se vindo a alterar nos últimos anos, tendo os bancos optado por entregar a gestão dos sistemas de informação a terceiros, na tentativa de reduzir custos.


Gastos e proveitos à parte ou talvez não, globalmente a Banca no seu todo com raras excepções, não tem conseguido resistir à tentação economicista de redução de custos através de politicas agressivas de Outsourcing.


Sabe-se que a matéria prima do negócio bancário é uma unidade composta chamada “informação”, pelo que a gestão, tratamento e manutenção da mesma assume-se como uma prioridade no sector bancário.


O que se vislumbra com este tipo de contrato é que as instituições bancárias estão a passar estas actividades para terceiros que operam em regime de não exclusividade, pelo que o risco operacional inerente é exponencialmente acrescido. Não se trata de especulação mas sim de bom senso, porque se à algo efectivamente difícil de controlar, gerir e manter é informação explicita, já para não falar da informação tácita ou a rádio alcatifa como é conhecida.


Vivemos hoje o fenómeno da HIPERINFORMAÇÃO. E é dentro deste novo contexto que a área da segurança passa a actuar num patamar mais elevado na empresa. A segurança sempre actuou ao nível operacional, nunca se preocupando com tendências do mercado e a manutenção competitiva da empresa. Actualmente a segurança deve agir no nível estratégico e táctico, através do planeamento adaptativo e da INTELIGÊNCIA COMPETITIVA.


Neste contexto, seria importante ter presente uma passagem de um estratega ligado a uma civilização milenar....


"Quem tem a informação tem o poder" (SUN TZU)


A pergunta dos gestores para a segurança hoje nas empresas, é: " Se nós não estamos a conseguir obter informações sobre nossos concorrentes, como é que vamos proteger a nossa actual vantagem competitiva sobre eles ?" ora, o que se passa com este tipo de acordo é que as organizações estão a partilhar a sua própria casa sem que se conheça e controle a génese da construção da mesma, tudo bem, pode-se afirmar que se conhece o empreiteiro, mas de certeza que não conhecem os pedreiros, electricistas, etc... etc...., e muito menos a qualidade dos alicerces resultantes.

Passámos de uma era em que a capacidade de produção era o factor essencial da competitividade para um novo patamar em que o CONHECIMENTO e a capacidade inovadora das organizações define cada vez mais a sua posição competitiva. O conhecimento torna-se para a empresa cada vez mais um factor essencial, diferenciador e decisivo, pelo que os gestores devem cada vez mais olhar para o seu valor implícito e menos para o valor de curto prazo.


*Mestrando no ISEG. Bancário.