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quarta-feira, julho 05, 2006

A Solução Global


Investimentos Estrangeiros Vão Salvar os Países Desenvolvidos

Já estamos conscientes que a Segurança Social não oferece a segurança que vamos desejar quando chegar a nossa hora da reforma.

Grande parte da população tem procurado refúgio alternativo criando uma carteira particular para o efeito. No entanto surge uma dúvida se as carteiras dos Particulares garantem a resolução do problema. É muito possível que o problema do Estado se alastre pelo sector Particular causando estragos a todos.

No caso da Segurança Social o problema é simples: muitos inactivos para uma população activa decrescente, o que se compara claramente ao sector dos Particulares quando se der inicio a uma vaga de Baby Boomers a tentarem liquidar as suas carteiras e não encontrarem compradores suficientes interessados nos seus bens.

Se não existirem pessoas suficientes com capacidade financeira suficiente para absorver os bens, então estas carteiras de reforma não poderão ser absorvidas pelo mercado ao preço desejado, ou aquele que tínhamos previsto.

A causa principal da degradação dos países desenvolvidos é sem duvida o envelhecimento da população. Em 1950 os EUA contavam com 7 activos para um reformado, actualmente contam 5 para 1, e em 2050 apenas 2 para 1 – apesar da população Americana ser considerada a mais jovem dos países desenvolvidos. O Japão vai contar apenas com 1 para 1 com maior parte da população enquadrada entre os 75 e 80 anos de idade.

Para agravar este problema, temos ainda uma esperança de vida a subir e uma média das idades de reforma a descer. Em 1950 a idade média Americana de reforma era 67 com esperança de vida 69. Hoje reformam-se aos 62 e vivem 14,4 anos adicionais a 1950.

São despertados dois problemas: quem vai produzir – será que vamos ter trabalhadores suficientes para produzir os bens necessários? E quem vai comprar o património que os Baby Boomers tencionam vender de forma a garantir uma reforma confortável?

Imaginem o que vai acontecer ao mercado de acções e obrigações quando triliões de dólares invadirem os mercados financeiros à procura dos escassos compradores. Quanto é que será que as bolsas terão de desvalorizar até encontrar a curva da procura?


Soluções em Vista:

1- Trabalhar mais anos.
É possível, mas teremos que trabalhar mais anos do que os anos que vivemos a mais. A idade da reforma teria de aumentar de uns dez anos, até aos 73, mas este aumento é superior ao aumento da esperança de vida, sendo que passaríamos a ter apenas uma média de 9,2 anos de reforma em vez dos prometidos 14,4, um decréscimo de 30%. Seria a primeira vez que assistiríamos a um decréscimo efectivo dos anos de reforma.

2-Aumento de produtividade pode ajudar.
A média histórica a longo prazo de aumentos de produtividade é de 2,2% anuais. Mas, mesmo que conseguíssemos por as caldeiras a todo o vapor deparamos com outro problema: o aumento de produtividade influencia um aumento salarial e dos rendimentos, e as pensões baseiam-se nestes dois, logo vai afectar ambos os lados da equação: ficamos com um cão a perseguir a sua própria cauda.

3-Imigração.
De forma a manter a média da reforma aos 62 anos de idade durante os próximos 30 a 40 anos, o Prof Siegel calcula serem necessários adicionar meio bilião de habitantes à actual população dos EUA. Confessa estar consciente da dimensão deste número, apesar de ser liberal no que toca à imigração.

Existem esperanças; a população dos países em desenvolvimento, é bastante mais jovem. É tradição os velhos venderem bens aos jovens. Nos EUA a Florida aloja grande parte dos reformados, a Florida vende para os restantes 49 estados federais. No futuro quando os EUA forem compostos de 50 Floridas, juntamente com a Europa, Canada e Japão, vão ter de vender aos países em desenvolvimento. Actualmente, a população dos países desenvolvidos representa 13,2% dos terrestres, e controlam 56% do PMB -Produto Mundial Bruto.

Em 2050, as projecções de Siegel afirmam que estes dados alteram para 12% da população com 23% de PMB. O resto do PMB fica nas mãos dos países em desenvolvimento, sendo que a China leva 20% do PMB e a Índia 16%.

Siegel insiste que os dados apresentados são, apesar de tudo, conservadores.
Actualmente o rendimento per capita na China é 12% do dos EUA - a Índia anda a 8%. Todas as previsões apontam que a China consegue alcançar 50% dos EUA até 2050, portanto, e uma vez que são quatro vezes mais populosos, significa que terão o dobro da dimensão –é uma conta simples mas funciona.

Se conseguirmos por a população mundial a transaccionar uns com os outros, teremos os jovens dos países em desenvolvimento a comprar bens, e os velhos dos países desenvolvidos a venderem bens e a importarem produtos.

Se conseguirmos montar este esquema de transacções, a idade média de reforma ainda terá de prolongar, mas apenas até aos 67-68 anos, idades que se enquadram melhor dentro das projecções da Segurança Social, e são bem mais exequíveis do que se os países desenvolvidos tentarem resolver este problema internamente.
Siegel diz que é a Solução Global.

Todo este conjunto de transacções implica que os actuais países em desenvolvimento vão acabar por deter maioria do capital do mundo assim como propriedade das principais multinacionais.

Em 2050, dois terços do capital vai estar nas mãos dos países em desenvolvimento, comparativamente aos 7,7% actuais. Isto implica um cenário de transacções financeiras internacionais massivas.

Na perspectiva de Siegel, e para aqueles que se opõem a este estudo, ele apresenta um modelo financeiro que permite analisar alguns cenários. Ele demonstra que se os EUA fecharem as portas aos estrangeiros, podem surgir desvalorizações na ordem dos 40-50%, adicionando, que neste caso os Norte Americanos terão de trabalhar até aos 73 anos mas sem conseguir criar mais riqueza.

Temos de perceber que a Procura é o ingrediente principal de suporte dos mercados financeiros.

Não devemos concluir que a Índia e a China são os melhores lugares para investirmos. Os dados apresentados por Siegel mostram que nos passados 20 anos, os mercados emergentes apresentam uma correlação negativa entre a velocidade de crescimento e os retornos para os investidores. Explica-se pelo facto dos investidores serem seduzidos pelo factor crescimento e empurram demasiado os preços das acções. Não devemos esquecer que o factor preço é fundamental nos retornos a longo prazo. Dados históricos mostram sectores com taxas de crescimento baixas que surpreenderam os de taxas de crescimento altas.

Siegel recomenda um portfolio de acções 60% EUA e 40% internacional, isto porque os EUA vão representar uma pequena fatia do bolo. Assim como até à data não temos posto os ovos todos na mesma industria, no futuro fará sentido ter um montante significativo de acções internacionais – não implica necessariamente obtenção de melhores rendimentos, mas sim porque devemos diversificar.

Dentro dos três tipos de bens, acções, obrigações, e imobiliário, que no caso dos EUA, cada representa cerca de USD15 triliões, Siegel continua a apostar nas acções como o melhor investimento a longo prazo, com lucros superiores a qualquer um dos outros dois. Isto é verdade, mesmo tendo em consideração as recentes subidas espectaculares no imobiliário, que é bem possível que já tenham esgotado. (Já se confirmam os crescentes inventários de casas por vender).

É possível que muitos investidores já tenham finalmente percebido que as acções sejam um bom investimento, o que ajuda a manter os valores de mercado das mesmas. No entanto e apesar da tendência de procura aumentar, e dos investidores cada vez mais aguentarem os seus investimentos mesmo em alturas menos favoráveis, Siegel prevê um abrandamento da valorização global, sendo que as médias de retorno anuais devem ficar pelos 5,5-6%.


Bernardo Amaral

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