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terça-feira, fevereiro 28, 2006

Zara ganha terreno na guerra pela China

Quando, há 31 anos, Amancio Ortega lançou as fundações do que hoje é o grupo Inditex, na Corunha, estaria longe de pensar que um dia veria estampado o nome de uma das suas marcas na fachada da antiga representação consular de Espanha em Xangai, nos anos de 1920. Mas, sonho ou ilusão, o certo é que na semana passada o nome Zara brilhava na frontaria de um dos mais belos edifícios da Nanjing West Road, naquela que foi simbolicamente a loja número 2700 do grupo. Mais nove se seguirão até final deste ano nas duas cidades mais importantes do gigante asiático, Xangai e Pequim, numa ofensiva que pretende abranger um universo de 120 milhões de pessoas, cerca de metade das quais colocadas na categoria de milionárias. Esta jogada poderá levar rapidamente o grupo Inditex ao primeiro lugar do pódio europeu de vendas dos fabricantes têxtil de moda, de momento, ocupado pelos suecos da H&M.

Estes dois produtores, apesar da concorrência de marcas como a Mango, a Diesel ou a Benetton, jogam, por assim dizer, num campeonato diferente. Veja-se, por exemplo, que no caso do grupo Inditex estão empregados mais de 40 mil profissionais (88 por cento dos quais na Europa), ao passo que a H&M emprega mais de 50 mil pessoas, apesar de não possuir fábricas próprias.

Os volumes de negócio também falam por si: a empresa espanhola facturou, em 2005, 5,6 mil milhões de euros em vendas, enquanto os suecos atingiram os 7,6 mil milhões de euros.A estratégia da Zara é, aparentemente, simples e tem sido objecto de vários estudos de especialistas, que incluem esta marca no lote das mais hábeis a lidar com as exigências dos consumidores. Análise cuidada do mercado (abriu há 23 meses uma primeira loja em Hong Kong, a título experimental), resposta rápida às encomendas e, acima de tudo, integração de todas as fases do processo de produção, fazem do grupo Inditex um modelo invejável de sucesso.

Daí que não seja estranha a popularidade das marcas Zara, Kiddys Class, Pull and Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho ou Zara Home.Com metade da sua produção localizada na Europa, o grupo galego produz já 12 por cento na China, o que terá encorajado os seus administradores a apostar mais forte no mercado chinês.

No caso de Xangai, e apesar de ser uma zona com grande potencial de crescimento, os preços continuarão a ser apenas dez por cento mais elevados do que em Espanha, onde vende 45 por cento do que produz.Do estirador à vendaAo contrário do que acontece com o grupo Inditex, a H&M tem a maior parte da sua produção localizada na Ásia (60 por cento), sendo a restante maioritariamente na Europa, num total de 700 fornecedores.

O facto de não ter fábricas próprias faz incidir mais o trabalho nas áreas do design (um total de 155 profissionais) e do marketing, factor fundamental para que esta empresa fundada em 1947, por Erling Persson, seja hoje um dos gigantes mundiais do sector têxtil, com presença assegurada em 1193 lojas na Europa e na América.

Olhando para os países em que a H&M está presente, a estratégia desta multinacional parece evidente: disseminar a marca em mercados com poder de compra garantido (Alemanha, Suécia e Reino Unido são os principais clientes), tendência que deverá ficar consolidada já este ano. A marca sueca pretende ver concluído o processo de franchising no Médio Oriente, em concreto no Koweit e no Dubai, onde, até ao Outono, deverá fazer entrar os seus produtos. Também o comércio on-line está consolidado desde há longos anos, em especial para os países vizinhos da Suécia, com sucesso reconhecido por parte da empresa.

Autor: Mário Barros
Fonte: Público

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