Somos um país com pessoas de mérito e muitas empresas de reconhecido valor. Mas falta planeamento e organização.
Neste último domingo, ao participar no torneio de golfe “Vickings Competition”, na Quinta do Lago, desfrutei de momentos óptimos. Para além das excelentes condições para a prática deste magnífico e difícil desporto, tive a oportunidade de conviver, entre outros, com um grupo de pessoas escandinavas, aposentadas, a viver há alguns anos no Algarve. Apesar da idade avançada da maioria deles, destaco o espírito muito jovem. Durante o almoço, aquando dos muitos brindes e brincadeiras, dei por mim a pensar como o ambiente criado era muito diferente do habitual em Portugal neste segmento de idade. Havia calor e alegria, o dia era de festa e por isso de divertimento. Ao mesmo tempo falava com um parceiro de jogo sobre o país e as empresas portuguesas…
É que o final do ano está a aproximar-se … e apesar de nos quererem passar a mensagem de que as coisas estão muito melhores, é indiscutível que há muito por fazer. No país e nas organizações. Falta calor nas relações, nos negócios, nas amizades. Não há alegria. Alguém dizia que “Portugal sofre de dois males graves: a inveja e a burocracia”. E é verdade, eu concordo. Trabalhar e ganhar dinheiro são malvistos, geram inveja, em vez de impulso ganhador. Mas porquê? É mais cómodo gerir o status quo?
Neste almoço confirmei como temos ainda muito de mudar a nossa atitude. A nossa postura perante a vida. De perceber que só todos em conjunto poderemos conseguir, por exemplo, reposicionar a imagem de Portugal no mundo. A responsabilidade deve ser de todos. Todos podem contribuir para se fazer a diferença e o futuro será risonho se todos os portugueses assim o quiserem. Não depende apenas dos políticos e dos governos, depende das acções e atitude de todos nós.
Vejamos os portugueses no estrangeiro. Que são conhecidos e têm valor. Poderão ser o nosso “cartão de visita”. São motivo de orgulho, desde a política à literatura, do teatro à televisão, da indústria aos serviços, são uma verdadeira vantagem competitiva para Portugal. E os “talentos”? Temos que conseguir reter em Portugal os “melhores”. Eu sei que é difícil, pois nos países de acolhimento são motivados, acarinhados, ajudados e até financiados. Mas porque não fazemos isso em Portugal? O senhor Presidente da República, e a meu ver muito bem, pede ao jovens para não se resignarem. Mas o país investe nos jovens? Você na sua empresa tem apostado em jovens com talento? Criemos oportunidades. Invistamos na inovação. Estou certo que assim teremos um Portugal melhor. Um Portugal que apostará nas “pessoas de valor”. Um Portugal que apostará na educação, no ensino superior (que venham rapidamente as fundações com gestão privada), na saúde de qualidade para todos, mas também no empreendedorismo e no turismo. Há anos que ouvimos dizer que o turismo é um sector estratégico. ‘And so what’? O que fizemos para tornar o nosso turismo de qualidade? Temos um sol magnífico, praias lindas, excelentes montanhas, imóveis modernos, mas e as pessoas? Que trabalham nos hotéis, nos restaurantes, nos museus... estão preparadas para prestar um serviço de elevada qualidade? Foi-lhes dada a formação adequada e necessária?
Somos um país com pessoas de méritos e muitas empresas de reconhecido valor. Mas falta planeamento e organização. Falta definir-se o que se pretende. Temos que deixar de ter uma postura de “acção com o coração”, para uma intervenção “mais metódica”, planeada, com objectivos precisos e quantificados. Precisamos de um verdadeiro plano de marketing para o país. Talvez essa seja a forma de encorajar e exigir o pensamento disciplinado dos nossos políticos, assegurando a responsabilização pelos resultados obtidos num determinado espaço de tempo. Deverá, certamente, assegurar a continuidade dos programas de governação, na mudança de governos. Todavia, Portugal precisa de todos nós!
bruno.cota@marketinginovador.com
____
In Diario Económico, 10-10-2007
In Diario Económico, 10-10-2007
Sem comentários:
Enviar um comentário